Você certamente já ouviu falar em criptomoedas ou moedas digitais, mas poucas pessoas sabem exatamente como elas funcionam ou confiam neste tipo de investimento. Porém, recentemente foi divulgada a informação de que o Banco Central do Brasil estuda esse modelo de moeda desde agosto de 2020, quando foi criado um grupo de trabalho específico. Após o anúncio das diretrizes para a criação de uma moeda digital brasileira, é possível que tenhamos o Real digital já em 2022, segundo o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
A primeira moeda digital a surgir no mundo foi a Bitcoin, em 2008, divulgada por um desconhecido com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, que publicou um manual de nove páginas explicando sobre o projeto. Independente de governos ou de instituições bancárias para a intermediação de transações, o bitcoin rapidamente foi se valorizando e despertando a atenção do mercado financeiro. Em 13 de março de 2021 a moeda digital alcançou seu maior valor de mercado atingido a impressionante marca de US$ 61 mil dólares.
Com o sucesso da Bitcoin, uma série de outras moedas digitais começaram a surgir no mundo, como a Ethereum, criada em 2015, o Litecoin, lançado em 2011, e a Ripple, também criada em 2011. O valor das moedas digitais varia pela sua oferta e demanda no mercado, como um ativo. As transações são registradas publicamente em um sistema de registros codificados chamado blockchain (cadeia de blocos), uma espécie de livro-caixa que não revela o nome dos interlocutores e garante mais segurança e privacidade ao processo. O sistema possui regras específicas e o número de moedas no mercado é limitado a alguns milhões de unidades, que são liberadas por meio de resoluções matemáticas conhecidas como “minerações”.
O sucesso das moedas digitais e o temor de que uma bolha estivesse se formando em torno desses ativos fez com que os Bancos Centrais de todo o mundo passassem a estudar os efeitos das criptomoedas no mercado financeiro. Neste sentido, alguns países já anunciaram projetos para lançar suas próprias moedas digitais, como é o caso da China, dos Estados Unidos e, agora, o Brasil. O novo passo dado pelo Banco Central brasileiro vem pouco depois de avanços chineses, com a chegada do e-yuan em sua fase de testes, no caminho para a etapa final de implementação.
Dentre os objetivos elencados pelo Banco Central para a criação de uma moeda digital brasileira estão:
- acompanhar o dinamismo da evolução tecnológica da economia nacional;
- aumentar a eficiência do sistema de pagamentos do varejo;
- contribuir para o surgimento de novos modelos de negócio e de outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos; e
- favorecer a participação do Brasil nos cenários econômicos regional e global, aumentando a eficiência nas transações transfronteiriças.
ATENÇÃO: O Real digital não será uma criptomoeda. De acordo com o Banco Central, a criação da moeda digital brasileira é uma nova forma de representação da moeda já emitida pela autoridade monetária nacional, ou seja, faz parte da política monetária do país e conta com a garantia dada por essa política. A moeda digital será uma extensão da nossa moeda física, portanto, essa centralização, com lastro e aval da autoridade monetária, além de conferir relação direta com a moeda corrente, tende a trazer vantagens em termos de liquidez e para a facilidade das transações, fazendo com que ela seja, em tese, mais amplamente aceita.
A previsão é de que esse novo formato seja integrado aos sistemas de pagamentos atuais no que se refere à operações online, permitindo operações como pagamentos em lojas ou transferências de recursos para terceiros. Se depender da velocidade com que o Pix foi absorvido pela população, certamente o real digital também terá uma aceitação bastante rápida pelos brasileiros.